segunda-feira, setembro 28, 2009

Ecos


Entre o que dizemos um ao outro há desfiladeiros de silêncio, habitados de estranhas, frágeis criaturas, com nomes demasiado dolorosos ou demasiado definitivos para se repetirem. Que diremos um ao outro que não as espantem, recolhidas em cantos dolorosos, que lhe diremos senão este quotidiano em que nada é grave ou importante ou definido, que nos diremos senão este espaço onde ainda tapamos os olhos para não as ver, estas estranhas criaturas definitivas que, se as chamarmos nos devorarão inteiros?

4 comentários:

cazarim de beauvoir disse...

(às vezes há uma porção de textos que eu trocaria por escrever apenas um que chegasse a tais atingimentos.)

Passionária disse...

Parece-me um elogio, cazarim, que agradeço muito. Sei que é pouco modesto da minha parte, mas sinto-me feliz quando gostam das minhas palavras. Validam e recompensam a angústia de escrever, fazem-me sentir menos a escrever no nada.

cazarim de beauvoir disse...

pois gostar é mais humilde que recusar que gostem das nossas palavras: é respeito à alteridade. e não só.

:)

Anónimo disse...

Gostei, era um pouco a isto que me referia quando lancei a ideia do tema, essas criaturas estão lá e mesmo sem as chamarmos surgem quando menos esperamos ou quando menos queremos, o silêncio acaba por ser a nossa protecção e o seu cárcere.

C. F-S