segunda-feira, julho 13, 2009

Objectos XIV



Não joguemos os jogos da culpa de dos desgostos, hoje não, mais não. Tirando a familiaridade, que mais haverá, que bom sairá disto tudo? Sabemos, sabemos tão bem o que temos, as peças caídas e impossíveis de mexer sem fazer cair o mundo sobre nós, as pecas contadas e recontadas: não há, não pode haver vencedores.
Quisera a perícia de continuar, mas não mais, não quero mais. Nem pena nem hesitações nem ramos verdes de oliveiras em pombas, antes deixar que tudo se inunde e mais não seja, antes desviar-me da via dolorosa deste jogo cruel. Chega.
Tenho desviado, com cuidados de Atlas com o mundo às costas, todas estas cadeias intrincadas, todos este nós, mas não há mais energia, nem para o ódio, nem para a raiva, nem para a esperança, nem para o amor. Só o hábito mantém as peças agregadas, só o saber de cor o que acontece a seguir me mantém de olhos fixos na mesa, concentrada. Mas sabemos os dois como não vale a pena.
Eu sei como o amor, o meu amor funciona com os avanços e recuos das marés, mas tem de acabar, tem de ter um ponto final. Ah, não mais fragilidades, não mais pontos fracos que me deixam estúpida e fraca, que me deixam ruínas para reconstruir, não mais. Das peças de Mikado cheguemos ao consenso do impasse, não ganho, não ganhas, nenhum poderá dizer que sai incólume. Mas mais jogos de culpa e desgostos, de redes de segurança não. Basta.

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