quinta-feira, setembro 25, 2008

Objectos(VIII)


"How do you say goodbye to someone you can't imagine living without? I didn't say goodbye. [pause] I didn't say anything. I just walked away. "
My Blueberry nights

Há vezes em que a memória me prega partidas dolorosas e me esqueço de como as coisas são, de como têm de ser, e deslizo para a tão familiar, tão confortável ânsia, para a saudade. Para me curar tenho de recordar-me com mais força, com mais determinação de todos os lugares, todos os pontos da via-sacra que me doeram como cortes, como golpes casuais em dor e espanto. Aqui, recordo, o coração foi-me posto outra vez nas mãos, casual, gentil, descuidadamente. Ali era o lugar de todos os adeuses e ausências, de todas as horas solitárias em que amava sem palavras, além andei sem rumo e sem causa, embatendo nas paredes e nas impossibilidades , mais à frente me deram lições do meu próprio ridículo, lições deliberadas e claras, lições de como não servia nem podia ser. Regresso lá sem penas ou remorsos ou raivas. Cansa demais. Nenhum passo atrás poderá ser dado, nenhum caminho retraçado de formas diferentes, melhores, mais completas. Regresso a todos os lugares que estive para lembrar, para não deixar que a sépia das memórias e das ausências dilua ou apague os pormenores, faça esquecer as dores e as raivas e as lições, tão infinitamente importantes, que me moldaram no que sei hoje. Permito-me, uma vez por outra, um pouco de sentimentalidade. Como direi, uma lágrima é uma lágrima, uma lágrima, uma lágrima, uma lágrima, àgua e sal. Mas o mapa de todos os sítios, tatuado na pele, lança sombras longe, guia-me para fora dos buracos em que só uma coisa tão cega como a nostalgia, como a saudade, me lança.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá,
gostei bastante dos seus blogs.
Os escritos, poemas, as imagens videos...
Lugares bonitos, viu?
Gostei.
Aruanda.