terça-feira, maio 06, 2008

Objectos(VII)


Há todo o tipo de golpes, o esperados, há todo tipo de golpes, um dia estamos muito bem e depois é como se nunca mais conseguissemos parar a hemorragia, tudo, tudo, tudo sai para fora de nós e nunca mais volta a ser, os gentis e generosos que arrastam e doem mais, há todo tipo de golpes, os que cortam o que está a mais como o amor, sim, como ele. Há todo tipo de golpes, como os temidos, como os obviamente esperados que sofremos antes de estarem na pele, os da cruzinha no calendário, menos um dia, e outro, que sofremos às prestações, todos os dias mais um bocadinho e depois, olha, lá chega, há os raivosos que são à traição e os que não podemos mostrar, guardar a dor para nós como um segredo feio, olha, estava num sítio onde não devia estar e depois não quero dizer o que foi, olha, estava ali mas como fui estúpida, deus, como fui estúpida mas não posso dizer nada, aumentar a mortificação, ensinaram-me todo tipo de golpes. E como ficou a lição na carne, funda...

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