The English Patient
"There is no god, but I hope someone watches over you"
No lugar onde outrora esteve o coração nascem as palavras como uma fonte, preenchendo o vazio. Nascem as palavras que evocam a luz dourada do teu corpo no meu, o cheiro da tua pele na minha, acedemos assim ao amor por símbolos e por códigos, por sinais que lembram o que já foi e não será.
Vivemos. Nada poderiamos ter feito mais que viver, mesmo com o sítio do coração oco e vazio, mesmo se as coisas não voltarem a ser como naquelas tardes douradas de sol e de sal, mesmo se não voltámos a ser aqueles que eramos, ferozes no amor que tinhamos. Vieram as coisas, temos mais coisas nos braços que aquelas que tinhamos na altura. Amámo-nos vazios de tudo, apenas cheios um do outro. Agora amamos de coração ausente, nunca mais nos cresceu um novo, munca mais seria possível que crescesse.
Temos as palavras que nos evocam, amor, as palavras que enchem o lugar onde o coração esteve e não está já. Temos as memórias. Teremos ainda, nos momentos finais a textura e o sabor da pele dourada, a pele impossivelmente jovem que se encontra e se deixou, a memória desse doloroso e verdadeiro primeiro amor. E terá de nos chegar pois nada poderemos recuperar do que perdemos.
2 comentários:
Lembro-me vagamente do filme, que aliás não achei extraordinário: achei-o bom, só (o que já é muito). Lembro-me de uma traição, e de uma memória que se reconstrói, um passado que se reencontra, um amor avassalador.
É uma excelente ilustração para o post.
Ah, e obrigado...
Parece-me que é uma espécie de resposta ao meu comentário sobre o que é sabermos que aos 17 anos não vamos ser capazes de amar mais e melhor. Acho que é isso. Já me onheces. Sinto-me orgulhosa e vaidosa por teres escrito por (para) mim. Beijinhos. Nô. Até sexta ou sábado.
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